28 de setembro de 2005

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE AMOR

Sabe!? O mundo anda muito carente ultimamente. A frase até parece pretensiosa, mas não a tome por tal. Não sou eu o dono do bom senso, longe disso, estou até bem longe disso. É que tudo anda tão complicado, as pessoas parecem que se esqueceram de serem "humanos". Ser "humano" é ter sim, defeitos e qualidades, é acertar e errar, é amar e odiar às vezes, mas não é aterrorizar a própria existência, fazer da vida um vazio tão absoluto quanto os próprios preconceitos. Talvez refugiar-se num mundo ideal, o mundo imaginário e poético da literatura, não seja lá uma demonstração de coragem nem de sensatez. É. Talvez um refúgio não seja o bastante pra nos tirar todas as pertubações que é viver na realidade. Algum tempo atrás, me lembro bem, desenvolvíamos no nosso consciente, eu e alguns amigos, a idéia de que essa confusão toda podia ser revertida com o AMOR. Acho que foi o sentimento mais bonito que já permeou meu pretensioso ser. Pregávamos aos 4 cantos do mundo que o amor "iria se espalhar", que o amor era tudo e que todos nós "somos amor". "Enquanto os outros se batem, dê um rolé e você vai ouvir apenas quem já dizia: eu não tenho nada e antes de você Ser eu Sou, eu sou AMOR da cabeça aos pés". Essa idéia era e é tão forte em mim ainda hoje que me irrita. O amor é sim um revolucionário e tem muito poder, mas me parece que o amor não se espalha tão facilmente quanto outros sentimentos, menos nobres ou poéticos, mas que em segundos destroem tudo o que o AMOR conseguiu construir em milênios. Isso é ruim, acho eu. Na verdade, a realidade nos puxa o tempo todo, nos cutuca, nos faz parecer alienados. É, eu sei. O amor também é passível de julgamento. Tudo é julgado e contra isso não há o que se fazer. Era uma alienação boa de se sentir, eu confesso, e confesso também que ainda hoje a sinto muito forte dentro de mim. Aposto como ainda sou um alienado. O amor tem fases, sabia!? É. Tem a fase do amor que tudo parece pequeno e só Ele é grande o suficiente e bom o suficiente pra se sentir, tudo o que se faz é o mínimo que se podia fazer se não for com o amor. Depois disso, toma-se uma pequena dose de realidade e você começa a querer espalhá-lo pra onde tem a confusão, é aí que se entra no turbilhão que vai passando ao lado, mas o super-herói não existe com certeza. Quando se está tão envolvido com a pregação do Amor, parece uma religião, e você acaba parecendo um pregador no deserto. É agora que a terceira fase se nos apresenta: Há um repentino surto psicótico, pretensão de quem ama, todos parecem não amar. Começam os gritos e o terror de não ser ouvido. O Amor começa a não ser tão bonito assim, mesmo ainda sendo muito forte. As dúvidas compõem a essência da próxima fase. As decepções com tudo e com todos e a debandada. Se olha pros lados e não se vê mais nem quem começou tudo isso. É essa a fase mais importante: percebe-se que não se estava amando, apenas falando de amor. Amar não é isso. Onde está o amor, meu amor? Está dentro de cada um de nós o tempo todo e não o alimentamos, o processo é inverso ao que pensamos. Primeiro tem de se conhecer o próprio amor e isso não se pode passar. Cada um tem que traçar seu próprio caminho em busca do Amor e tem o direito de escolher ficar parado e nem sequer pensar nisso. É, eu sei. Minha pretensão me faz pensar saber disso. Depois de todo esse processo de conhecimento prático do que é ou não é, do que pode ou não ser, do que presumi-se ou não ser, o AMOR; bem..., depois disso tudo há muitas possibilidades, um círculo com caminhos por todos os lados. Escolher se encontrar às cegas com o Amor, sem nem ao menos ter certeza de que realmente é Ele, pode ser atraente. Cantar talvez seja a forma mais alienante de amar, mas talvez alguém encontre assim o Amor. A lúdica riqueza de nossos corações pode estar nas palavras e na imaginação ou em qualquer outro lugar. Alguns pegam o caminho da realidade pura outros do devaneio total, alguns buscam o meio termo outros as beiradas... pois bem, não importa se o seu refúgio é um terno e uma gravata ou um monte de palavras, se esse caminho te levar ao AMOR. "Tudo vale à pena se a alma não é pequena", Pessoa talvez tivesse razão, mesmo sendo um alienado. Alienemo-nos então, o Amor está em todas as partes, basta ir ao seu encontro. O mundo anda mesmo muito complicado, mas o Amor... ah! o Amor... está aí... está aqui... eu sei...
(Pedro de Helena - 28/09/05)
Existencialismos baratos, caro Pedro!!!? O que isso significa???

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