5 de fevereiro de 2013


Enquanto soberbo
Me perco em desarmonia
Tropeço pela vida
E ela me vê e... sorria!

Tenho mais vidas a viver
Mais perdas e mais tropeços
Mais vida, mais vida!

Não o chão que piso
Nem o céu que me condena
Não o poste de luz
Nem a luz da noite serena

Me traga um copo de vinho
Não esqueça o cigarro
Me sirva um pouco de vida
Esqueça seu escarro

Tenho mais vidas a viver
Mais perdas e mais tropeços
Mais vida, mais vida!

3 de novembro de 2011

Agora, com essas chuvas,
lembro-me de um tempo
em que sentimentos maiores
me norteavam...
sinto saudades...

não vago como antes
nas madrugadas,
apesar de ainda vagar...

não deixei nem o vinho
nem o cigarro,

...só a flor de outrora...

sinto apenas o seu cheiro perpétuo
em cada linha que escrevo
a cada fim de verso que teço
e o vento e a lua e o tempo
e os nós... e nós?
entre encantos e desencontros
de longe sempre perto,
mesmo que agora
num exercício de memória.


20 de março de 2011

certo de não haver respostas,
ao menos não as plausíveis -
encerrei há muito as buscas.
deixei a bagagem ao relento,
não me valia de nada -
a não ser o peso incômodo e,
no meio de lembranças,
algumas angústias...
não me incomoda minha nudez,
ou mesmo minha infâmia,
não a mim.
preocupa-me mais as vísceras frescas
da vida que levo e a concorrência com os urubus.

24 de fevereiro de 2011

dia desses
me soava saudosa a memória
um canto desses melancólicos
feito dia chuvoso
não havia vinho
não havia rede
não havia flor nem dor alguma
apenas aquelas velhas nuâncias poéticas
como se me embaraçando a vista... a vida
não cheguei a cantar verso algum
devo ter colhido algumas lágrimas com a mão,
salivado algumas de minhas bebidas favoritas
e só...
debruçei-me sobre algo fugaz
e devo ter vivido alguns 20 minutos depois disso
sem voltar minha lembrança a lugar algum.
mero devaneio artístico
pretensão e soberba!
enormidade de ego... e lúdico
e vistoso - pavão delinqüente

arrancou-se-lhe as penas
num kamikaze poético
desesperado a regozijar-se
de si...

26 de novembro de 2009

30 de junho de 2009

LacrimoGênio

Enerva a pele rude
sutil e vulgar
deleite horrendo
deságua aos olhos alheios
Enerva a retina
a sina ocular
LacrimoGênio
Enerva a mente sã
mantras e vernáculos
Os cães passeariam
menos bruscos
aos olhares atentos...
Mas silentes e sedentos
trucidariam as expectativas
Meros e parcos poemas
arriscariam tal caminho suicida
Ao poeta se torna
mais excitante
E um tanto burocrático,
por ofício.

17 de fevereiro de 2009

COMPAREÇA!

faremos um espetáculo beneficente
em praça pública
sem entradas ou saídas
sem artistas
barulhento e silencioso
sinta-se convidado!

infuturível

um dia então,
que possa ser vivido
vívido, atroz
um dia,
infuturível
[incon]fundível
um dia pra passar
o dia depois do dia
que possa ser morrido
infuturível
um dia cego de doer
às pressas
como o último
[i]mensurável
o dia, apenas um
consternado, depravado
infuturível!

26 de janeiro de 2009

poética

ah, meu nem tão velho amigo assim...
o carma é a lúgubre juventude que se espelha pelos teus olhos
e se esvai a cada ato dessa homérica...
a dor que se ri e nos chora poética
ventura vida de viventes soltos por aí
serve aos momentos ébrios como aquela antiga e chorosa canção
vãs nossas tentativas entredentes
agarrar seja o fio menor de exatidão
te corta e arranha a pele
é de viver tanto que as cicatrizes contam histórias
ainda abertas, mesmo sanadas, mesmo encobertas
soberbas... imponderáveis...

ah, meu velho amigo...
somos viventes e só!

25 de janeiro de 2009

sem perguntas, sem respostas

amarelo imenso
com pitadas de azul
e eu quase que me perco
não fosse o intenso lusco-fusco

aquelas luzes me absorveram
eu vi meu ego e gostei
e o que fazes aí sozinho?
pinte-se por si mesmo

vamos ter com aquela velha excitação
as falas e salas de antes e sempre
algumas dessas bolas amarelas se perdem no caminho

é um bom dia, realmente!

13 de novembro de 2008

Prenda-se!
pelo resto que lhe sobra
e a falta que poderá lhe fatigar...
pelo muito pouco senso que lhe habita
e o raro lúcido sentido que te achas...

o que sobra do resto fatigado
e lúcido e raro
da pouca falta que habita
na ausência que te achas
é senão a réstia
do ser que és e pretende
que sejamos nós...

Prenda-se!
pelo sepulcro véu de retidão
que te esconde...
Prenda-se
pela míngua
soberba
que te encerras...

varal de risos soltos

26 de agosto de 2008

A energia posta à prova
A própria euforia
Cala e mede a pele, virgem
Carne quente ou fria
Vaga de vagabunda
A vida um tanto vadia
Que via a velha vazia
Vagava ventos de solidão
E a própria tal luz do dia
Criava a poesia e nem mesmo se via
Volúpia, voz e canção

16 de julho de 2008

estranhos na noite
me sofrejam hálitos embriagados
de uma libertinagem reprimida
e de absurdos metálicos
sólidos como o duro amanhecer
e imploram por uma réstia de lua
que seja uma chuva matinal
ou uma pane nos sinos catedráticos
um desmaio do dia
uma soberba tamanha
um eclipse social...

estranhos na noite
dançam tristemente sua alegria
embebecidos de prazer e dor
e esperam noite a dentro
os acontecimentos da vida!

30 de junho de 2008

a impotência poética me aflige
acho que não dei a importância devida
ao aviso no verso do cigarro...
liguei 0800 alguma coisa,
noite passada tossi demais,
uma gravação me perguntava
coisas que nunca parei pra pensar...

fui à rua, bebi duas doses de cachaça,
neste ínterim se foram uns 5 cigarros,
voltei pra casa, fumei um último
e mal dormi pensando que se eu tivesse carro
iam querer me proibir também de beber...
acho que o governo anda fazendo muito mal a minha saúde!!!

2 de junho de 2008

de certa maneira me valem
cristos e budas sócio-culturais
essa pretensão tão despretensiosa
que também guardo cá no peito
essa tristeza amoral, sem motivo
ou destinatário
essa pilhéria ocidentalinada
e essas bugingangas religiorientais
de certa forma aprazem meu ceticismo egocêntrico
que se benze na primeira aflição
que olha aos céus a desprezar as estrelas
em busca de algo que a vista não alcança
e que intenta ficar em lótus a sepultar sua ira
me condena tal escárnio
à perversão social
e à marginalidade,
sentimentos um tanto mais nobres
que a porca piedade humilhante e humilde
ou o pretenso nirvana cheio de falsas modéstias...
me valem essas parafernálias sociais
porque também as tenho dentro de mim
e meu ego também precisa se alimentar...

26 de abril de 2008

Inefável

queria falar sobre a pedra ou o pássaro
queria me deter na janela a contemplar
algo verdadeiramente intangível,
algo que não me escutasse,
que não pudesse rebater meu ácido,
queria debruçar-me sobre o inofensivo,
sobre a impotência abstrata dos seres,
caçoar das telhas e grades,
arrancar-lhes os sentimentos...
nesse momento dois bêbados cruzam a rua
travam um embriagado embate...
não consigo discernir suas palavras,
mas em algum momento escuto algo sobre futebol
ou política, acho que os dois...
eles param um instante
olham um para o outro e cambaleantes
gesticulam agressões
pelo tom da conversa presumo que se agridem
também nas palavras
pateticamente caem e se embolam esgoto a dentro...

volto minha atenção às pedras!

queria escrever sobre algo humilhantemente inatingível...

25 de abril de 2008

Hereditário!

sonhar
o sonho cá dentro
guardado no peito
feito engodo previsto
tão sonhado de antes
que cego conquisto
vem do sangue da alma
da vala sedenta
das ébrias madrugadas enfim
vem de antes de mim
do não e do sim
da vida casada
do longe e de perto
vem da madrugada
que canta e que salta
de dentro de mim
não, não sou por acaso
o ocaso disfarço
em um botequim
pois sei que a ternura
é lúdica assim
se caso eu mancho o meu camarim...

Brasão


na verdade, minha moeda...
sem valor algum, podemos imaginar,
a realidade fatalmente facilitará nossa imaginação...
um reles...
nem vintém, nem tostão...
um reles...
tudo o que valho além de minha pretensão...
não costumo ser eu réu-confesso,
também não costumo me atribuir valor,
mas ante a desfaçatez deste Brasão
me descalço de modéstia...
sou tudo isso!
Hum Reles!