15 de abril de 2006

Delivérios(?)

bela noite seria
se a chuva fria de um bethoven lá fora
não soasse calmamente tórrido aos ouvidos
aguçando a solidão de tantos e proibidos desejos
bela noite seria
se o piano não fosse tão covarde
traiçoeira mente invade as vértebras
quebra o pudor do "não-mostrar"
bela noite seria
demonstrar tudo o que sinto, simplesmente
ver a vida num repente
explodir num acorde dissonante
Acorde, bela noite fria
bethoven não escuta a montanha
que esconde a lua por trás da chuva
é a própria, fingindo ser torta
dando espaço pra passar
ainda que o mais infame pensamento
às vistas de um qualquer que não é,
nem nunca será, o eu, sozinho, intransitivo, torridamente voraz...

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