Antes que eu pudesse me esquecer já estava de pé. Engraçado como o sono é embriagador pela manhã e as horas convidam a continuação da noite mal dormida. Pois bem, vou lhe explicar o motivo da lembrança do "não-esquecimento", caro amigo. Acontece que sou um escritor profissional, se é que esta profissão existe e ainda se escrever for mesmo uma profissão; no entanto, esta é a forma como Seu Tarjino denomina meu ofício quando me ressarce da labuta. Assim sendo, tive, naquela manhã que cedo me botar de pé, pois havia um encontro marcado com uma Senhora, muito distinta na visão do meu chefe - bem, isso significava, pelo menos na minha cabeça, que ele referia-se ao fato de ela ter posses - e como não costumo ver a luz do dia, me prestei ao esforço de ter aquela noite uma conversa com meus sonhos. Quando, já pela manhã, abri os olhos pela primeira vez, espantado levantei-me de um pulo, pra não correr o risco de perder o tal encontro. Ainda tomava banho quando ouço a voz rouca e renitente daquele senhor que me botava algum dinheiro nas mãos a me gritar: Pedro, meu rapaz! ... esse grito ecoava pelos corredores das escadarias do primeiro até o terceiro andar da pensão onde eu moro quase que diariamente, a excentricidade de hoje estava no fato de ser oito horas da manhã e não da noite como era costumeiro.
- Pedro! Hoje vamos ter com a Senhora Tertuliana oportunidade ímpar.
Tertuliana! Me pareceu logo uma má impressão. Talvez um preconceito a amargura do nome ou a seriedade absurda de sua pronúncia. No entanto, não me dei ao desfrute de nenhum comentário do gênero, até por respeito ao entusiasmo do Seu Tarjino.
- Pretendo que sejam escritas as memórias de meu falecido marido e tive em seu nome, Pedro, as referências de que precisava para lhe chamar até mim.
Não me lisonjiei mais com as palavras do que com o fato de aquela Senhora estar se dirigindo a mim de forma tão graciosa e envolvente. Cada palavra vinha mais aos olhos que aos ouvidos. Sem perceber meu silêncio gritou meus pensamentos.
- Sim, claro. As memórias... - sofrejei desatento.
Um leve abrir de lábios como se prendesse o riso que revelaria a descoberta de meus pensamentos e me prendeu a atenção novamente menos do entendimento que da imaginação. Quando recobrei-me da fração de tempo em que me embebeci com a imagem do riso escondido da Senhora, lá já estava Seu Tarjino resolvendo questões negociais com D. Tertuliana.
- Então, estamos resolvidos! - dizia Tarjino. Amanhã começamos a trabalhar, não é mesmo Pedro!?
- ... Sim... claro que sim.
(Pedro de Helena - 25/07/05 - Continua...)
- Pedro! Hoje vamos ter com a Senhora Tertuliana oportunidade ímpar.
Tertuliana! Me pareceu logo uma má impressão. Talvez um preconceito a amargura do nome ou a seriedade absurda de sua pronúncia. No entanto, não me dei ao desfrute de nenhum comentário do gênero, até por respeito ao entusiasmo do Seu Tarjino.
- Pretendo que sejam escritas as memórias de meu falecido marido e tive em seu nome, Pedro, as referências de que precisava para lhe chamar até mim.
Não me lisonjiei mais com as palavras do que com o fato de aquela Senhora estar se dirigindo a mim de forma tão graciosa e envolvente. Cada palavra vinha mais aos olhos que aos ouvidos. Sem perceber meu silêncio gritou meus pensamentos.
- Sim, claro. As memórias... - sofrejei desatento.
Um leve abrir de lábios como se prendesse o riso que revelaria a descoberta de meus pensamentos e me prendeu a atenção novamente menos do entendimento que da imaginação. Quando recobrei-me da fração de tempo em que me embebeci com a imagem do riso escondido da Senhora, lá já estava Seu Tarjino resolvendo questões negociais com D. Tertuliana.
- Então, estamos resolvidos! - dizia Tarjino. Amanhã começamos a trabalhar, não é mesmo Pedro!?
- ... Sim... claro que sim.
(Pedro de Helena - 25/07/05 - Continua...)
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