27 de novembro de 2006


Meu amigo Pedro,

Se não lhe escrevo com a mesma freqüência é que me toma o tempo meus devaneios liricais. Sempre pretensioso nas palavras e nos saudosismos de linguagem, sigo entre pedras e versos.
Me assalta a tinta todas as letras que projeto no papel.

PÔ(EU)SIA

Tempo,
escorredouro de minhas ilusões
tropeçajeiro dos meus "eus"
e meus "és" etnocêntricos...
Como um deus,
entre a maldade e a benevolência,
afaga o ego de meus dias
e puxa o tapete de minha sorte...

Inconstância,
feito nome da Horrenda da festa
incomoda aos passos e aos pés...
como Rastro incerto na areia
tem o vento e o mar como inimigos
os pés de criança a lhe extinguir
sua morte, uma dança miraculosa sem fim...

Entre o afago e a morte,
a exacerbação da poesia descalça de pudor
o exagero do poeta vestido de interrogação
a boemia dos papéis soletrados, devidamente amassados,
nos bolsos...

tempo, tempo, tempo...
inconstância...
tempo, tempo, tempo...

Até nossas próximas letras, amigo Pedro...

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